A terapia do esquema (TE) se originou nos EUA, há mais de trinta anos, e é considerada uma abordagem moderna e, em inúmeros países, vem ganhando os corações de muitos psicólogos e sendo avaliada positivamente pelos pacientes. A TE faz parte das terapias cognitivas comportamentais e vai focar na investigação das origens remotas dos problemas, na relação terapêutica, a nossa “menina dos olhos”, e no sentir, sendo vista como uma abordagem emocional ao dar ênfase nas estratégias emocionais. A Te foi criada pelo psicólogo americano Jeffrey Young, continuou sendo desenvolvida por diversos teóricos e está em constante evolução, se refinando e se adaptando. A TE tem a pesquisa como uma característica forte, se coloca como uma abordagem para ser testada cientificamente, garantindo a sua relevância clínica e, portanto, é considerada uma abordagem baseada em evidências. Na terapia do esquema, partimos do pressuposto que os problemas emocionais de longa data, estão relacionados com padrões disfuncionais, os quais foram aprendidos remotamente e reforçados durante toda uma vida, sem que tivéssemos consciência. O processo de terapia em esquemas visa fortalecer os pontos fortes do paciente, que chamamos de modo adulto saudável e modo criança feliz, promovendo mudanças profundas e duradouras, por meio do ganho da consciência e do tratamento desses padrões disfuncionais para que se possa ter uma vida adulta mais gratificante. A Terapia de Esquemas (TE) é uma abordagem estruturada, um processo com início, meio e fim. Partimos dos problemas atuais e nos debruçamos para conhecer o paciente como um todo, até compreendermos as suas dores emocionais (esquemas) e como ele chegou aonde chegou, com esses problemas na vida adulta. A medida que vamos compreendendo os funcionamentos do paciente, vamos compartilhando e nomeando, o que, por si só, já atua como um antídoto para suas dores e renova a sua esperança de dias melhores. E então, travamos uma luta com os esquemas e modos disfuncionais e nos aliamos aos modos saudáveis do paciente, fortalecendo-os cada vez mais para atingir mudanças cognitivas, emocionais e comportamentais. Estrategicamente, conduzimos o paciente por essa jornada, para reconhecer que os padrões são disfuncionais, que não são verdades absolutas e não os representam, para que consiga separar seus diferentes lados. Nessa luta, vamos conduzir o paciente também para o sentir, nos conectando com o seu lado vulnerável. É a chance do paciente reescrever sua história da forma como deveria ter sido. É uma etapa dolorida, mas curativa, afinal estamos buscando mudanças duradouras, o que exige um mergulho profundo por águas não conhecidas. E nós Terapeutas, seremos o colo que conforta e acolhe, a mão forte que apoia e oferece segurança para ele acessar suas feridas emocionais e atravessar essa etapa tendo uma experiência emocional corretiva. A última etapa no processo psicoterapêutico é a quebra de padrões comportamentais. Nesse momento, o paciente é incentivado a “virar a última chave” e fazer os enfrentamentos necessários para mudar comportamentos desadaptativos. Esta é uma parte difícil e demorada porque, para muitos pacientes, os padrões estão cristalizados. No entanto, é crucial para não se perder todo o trabalho cognitivo e vivencial e para permitir que uma nova versão, curada e saudável, floresça. Esse progresso indica que o lado funcional do paciente está fortalecido e pronto para receber autonomia e voar solo. Amo essa abordagem como um todo, porém, dois aspectos me chamam mais a atenção e fazem os meus olhos brilharem. Um deles é a profundidade alcançada no processo, onde oferecemos uma segunda chance para o paciente voltar para casa, fazer as pazes com o passado para mudar o presente. E o outro aspecto é a possibilidade de suprirmos nosso paciente, com o que lhe faltou emocionalmente, a partir de uma relação terapêutica real e autêntica. A relação terapêutica é o coração da terapia do esquema, transforma e cura. Muitas vezes, para pacientes muito machucados, é a primeira relação onde se sentirão aceitos, respeitados, queridos, compreendidos, cuidados e validados. Por fim, preciso dizer que fazer terapia é uma oportunidade de se deparar com os próprios padrões adoecidos, é uma experiência rica, desenvolve o autoconhecimento e possibilita se reconectar ao seu essencial e atingir o nível mais importante da experiência humana: a maturidade emocional para lidar com os problemas da vida e viver com mais sentindo.